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07 novembro 2011

Raízes

Título: RAÍZES I - Um Lado
Técnica: Óleo s/ Tela-Painel.
Dimensão: 40 x 50 cm
Ano: 2011

  Este paínel, RAÍZES I, determina o começo desta série de pinturas, RAÍZES, e dos trabalhos para desenvolvimento de um estudo particular com relação a criatividade. Nesta série realizo pinturas de imaginação, onde não há nenhuma cópia ou pesquisas de imagens de forma instantanea, mas sim as que estão gravadas na memória, e pinturas a partir de uma idéia, um insight onde busco soluções visuais em filmes ou fotos.

10 maio 2011

PALHAÇO

Título: Palhaço
Técnica: Pastel a óleo
Suporte: Papel Canson
Data: 1992
Tamanho: A4



LÁGRIMAS MIRRADAS

Como chorar?
se as lágrimas
não saem do olhar...
O que enxugar?
se as lágrimas
secam...
Quando há pranto?
se as lágrimas
não rolam...
Onde está o acalanto?
se as lágrimas
estão a mirrar.
Chorei!
quando as lágrimas
sairam do olhar...
Enxuguei!
o que as lágrimas
molharam...
Vivi!
quando as lágrimas
rolaram...
Acariciei!
onde as lágrimas
estavam mirradas.

MÁRCIO SANTOS

23 abril 2011

TCC - CONSIDERAÇÕES FINAIS

Tentarei sintetizar a forma que realizei minhas pinturas: juntei meus conhecimentos, meus ideais, minhas idéias, a técnica que conheço e o que eu sinto no momento. Esses elementos culminaram num significado, que se transportou a um ponto qualquer do meu consciente transformando-se em energia que percorre todo o corpo. No final a energia é descarregada nas mãos.



O vidro para o iniciante parece-me tratar-se de um suporte adequado para ser utilizado, visto que, podemos corrigir qualquer erro sem a preocupação de deformá-lo.


A madeira “Angelim” proporcionou-me uma experiência gratificante em todos os sentidos, mas, a maior descoberta foi ter realizado todo o trabalho com traços, não deixando que propusesse qualquer parte esfumada devido as suas características de sulcos e veios descontínuos e mais profundos que outras madeiras como a peróba.


O papel permitiu-me realizar pinturas em diferentes dimensões, texturas e qualidade estudantil e profissional.


A tela devido às dificuldades mostrou-se um caminho diferente, alternativo com uma técnica onde foi necessária a utilização de outro material, que no caso foi o óleo de linhaça.


As cores trouxeram-me as mais variadas experiências, como por exemplo, o amarelo destacando a claridade, a utilização do vermelho, uma cor tão viva, forte e enigmática, que revelou características diferentes. A sua utilização proporcionou-me um saber que estava embutido no meu sentir, mas não conseguia ver. Ao mostrar as pinturas a meu compadre, e explicar o que elas passavam e o que eu senti, recebi de volta uma exclamação e em seguida uma pergunta: “existe alguma seqüência no uso da cor vermelha?” Foi exatamente neste momento que percebi o fato que havia escrito sobre as cores, mas, não tinha feito um fechamento sobre a relação das cores com toda a poética. O conjunto de cada trabalho é finalizado justamente pelo todo, ou seja, cada pintura só é percebida se analisada como um todo, a influência do suporte, dos traços, cores, técnica entre outras.


A poética só tomará forma ampla se observada em todo o seu contexto, na análise de todas as pinturas juntas. A cor vermelha tornou-se o ponto em comum das ações, sejam elas depredatórias ou remediadoras.


Vou exemplificar: no primeiro e segundo trabalhos não uso a cor vermelha, porém utilizo as cores de terra avermelhada; no terceiro, utilizo-a na parte da natureza, dando força, se colocando a frente como um guerreiro; no quarto trabalho, continua forte na forma de folhagem que surge para retomar seu espaço; quando surge no quinto trabalho, já aparece de forma dupla, ou seja, a natureza forte, viva que está no canto esquerdo baixo do observador e a natureza sendo agredida por forças humanas situada no lado direito do espectador, sendo estes dois pontos que equilibram a pintura; no sexto aparece um leve traço de vermelho rosado para destacar a cor laranja no rosto; no sétimo não aparece; forte no oitavo trabalho mostra a troca de energia positiva da folha com a força negativa representada em vermelho no ser humano ao seu lado; no de número nove o vermelho surge como uma queimada durante o sono do jovem; na figura dez nos indica as rugas, o tempo que passou e muitas vezes impecável, forte, porém, trazendo sabedoria; na décima segunda pintura, trago a cor vermelha acompanhada do olhar triste, o vermelho se torna triste, deixo vagar todos os sentidos, sem definir o porquê, a folha e o olhar se tornam um só.


Durante todo esse percurso aprendi muitas “coisas”, mas tenho a certeza de que há muito que aprender. Algumas eu coloco neste trabalho, outras carrego comigo em minha memória, em anotações, mas, principalmente no meu sentir, que bate, pulsa forte.


Este Trabalho de Conclusão de Curso teria seu término no Olhar Treze, mas, como devemos ser sempre participativos em nossos questionamentos, tornou-se um ponto importante mostrar uma possível solução para as questões levantadas. No nosso caso os olhares fitam, descansam, reagem, espreitam, desconfiam, se preocupam, advertem e se entristecem. Porém, com a tristeza buscamos uma forma de solucionar as questões que é através da fusão dos traços, ou seja, os mesmos traços que delineiam o ser humano dão formas variadas a natureza, em um único movimento. Este tratamento, esta visão, está sendo colocado em poucos trabalhos, o desenvolvimento terá sua continuidade, e assim, os trabalhos continuarão a serem realizados. Termino aqui meu Trabalho de Conclusão de Curso, mas, meu trabalho, minhas pinturas, está apenas começando.

TCC - OLHAR QUINZE

Título: Olhar Quinze
Material: Pastel a Óleo da marca FABER-CASTELL diluído com óleo de linhaça s/ tela painel
Dimensão: 70 cm x 100 cm



            Continuando em uma forma de composição mais simplificada, vamos observar uma utilização cromática reduzida, onde, predomina a cor marrom, clareada quando diluída com o óleo de linhaça. Com o óleo, os bastões de pastel  se tornam mais untuosos, diminuindo sua dureza e resistência, tornando os traços mais fortes e expressivos. A dimensão da tela colabora com a liberdade de movimentos, há uma flexibilidade nos traços tornando-os mais vistosos, alongados e largos. O sentir do personagem continua em um único olho que se enlaça com a natureza como um todo, com as cores marrom e amarelo que determinam essa fusão. A cor preta dos traços na parte de baixo indica a direção do movimento que disputa a atenção do espectador. O olhar marrom como a folha seca, mostra que apesar da morte aparente, o olhar ainda vive.

TCC - OLHAR CATORZE

Título: Olhar Catorze
Material: Pastel a Óleo da marca OSAMA PAS s/ papel SENNELIER 340 g/m².
Dimensão: 40 cm x 60 cm


A simplificação começa a aparecer, a forma do olhar está colocado em apenas um olho, este por sua vez carregará o peso de mostrar o sentir do personagem. O ponto positivo é que será trabalhado com as formas chegando e saindo desse olhar. Nesta pintura vamos encontrar os cipós na cor preta se embrenhando com sobrancelhas e cílios.



A claridade representada na cor amarela trespassa de dentro do olho para as laterais, as pálpebras lembram montanhas, a seqüência da pupila, íris e o globo ocular, denotam uma transposição da forma semicircular, como em um alinhamento de planetas. As formas são simples, mas coesas. A cor preta, o amarelo limão e ouro, o marrom e o verde fazem a composição cromática. Esta pintura foi realizada em uma única etapa.

TCC - OLHAR TREZE

Título: Olhar Treze
Material: Pastel a Óleo NEOPASTEL s/ Papel FABRIANO PITTURA 400 g/m².
Dimensão: 70 cm x 100 cm




Coloco esta pintura em sua primeira fase, dentro dos trabalhos este mostra os olhos mais tristes, realizados com a cor preta e a cinza, a composição toda me agrada e por isso a coloco. O que falta é trazer mais vida, aproximar do espectador, realçar o preto na folha, nos olhos, enfim colocá-lo para fora do papel.



Utilizando a cor preta, o vermelho e a cinza, vamos trazer a tristeza no olhar. Olhar este que está emergindo no meio da folha, porém a sua inserção não aparece como uma continuação da folha, mas sim, como se estivesse rompendo, rasgando-a, e só depois desse ato começa a se fundir com as partes.



Os olhos foram realçados com o preto, a claridade refletida que se apresenta nas pálpebras e íris na cor cinza também foram realçadas. Na folha a cor preta surgiu nos traços fortes próximo aos olhos e no começo da folha. A composição se aproximou mais do observador, os olhos ficaram mais tristes e o conjunto ganhou mais expressividade, direcionando o movimento para o olhar que está fixo. Neste trabalho a natureza e o olhar começam a misturar seus traços, o fim de um é o começo do outro, como uma  continuação. Alguns traços dos olhos seguem em direção ao início da folha. Neste momento começa um ato de fusão entre o ser humano e a natureza.
 
Esta pintura dentro da minha proposta seria o ponto de parada para este Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), onde o ser humano começa a fazer parte realmente da natureza e deixa de ser apenas aquele que vê, reclama, atua, briga, mas, o ser humano que sente e se embrenha, se envolve.



Porém, com a continuação dos trabalhos, o tema começou a fluir e fruir, e sendo assim, vou dar continuidade e mostrar o começo desta nova fase, onde o ser humano passa a se integrar, acariciar, se envolver, brotar da mesma raiz, ocupando o mesmo espaço, porque são apenas um.


Não haverá um fim, mas, abertura para uma continuação, da forma mais variada e possível. Podem não ser olhares tão nítidos, mas estará lá, fazendo sua parte, sendo uma seqüência, como o vento, o céu, não há começo nem fim, o infinito deste universo.


A partir do próximo trabalho, ou seja, o décimo quinto, continuo com as características, tanto dos traços como de minha colocação com relação às pinturas. Neste próximo trabalho, o enfoque é para uma relação maior do que entendo, entre ser humano e natureza, culminando com o que realizo plasticamente.

TCC - OLHAR DOZE

Título: Olhar Doze.
Material: Pastel a Óleo da marca LION s/ papel SENNELIER 340 g/m².
Dimensão: 40 cm x 60 cm


Com este trabalho vou terminando uma fase que começou chamando a atenção para os problemas, dentro da minha ótica e percepção. A natureza e o ser humano dentro da composição tinham seus espaços e formas bem definidas. Nesta pintura trazemos a definição exata do papel que o ser humano está desenvolvendo. Existe o espanto ou surpresa e uma divisão que podemos notar bem. Dentro da minha análise, perante o que desejo mostrar, a natureza se faz presente através dos traços na cor preta e verde situadas no lado esquerdo do observador, os traços são fortes e mostram claridade, demonstram um clima caótico, sem muita vida, mas muito expressivo. Há uma briga visual entre os ramos e galhos com o olhar ao fundo.