Arquivo do blog

23 abril 2011

TCC - CONSIDERAÇÕES FINAIS

Tentarei sintetizar a forma que realizei minhas pinturas: juntei meus conhecimentos, meus ideais, minhas idéias, a técnica que conheço e o que eu sinto no momento. Esses elementos culminaram num significado, que se transportou a um ponto qualquer do meu consciente transformando-se em energia que percorre todo o corpo. No final a energia é descarregada nas mãos.



O vidro para o iniciante parece-me tratar-se de um suporte adequado para ser utilizado, visto que, podemos corrigir qualquer erro sem a preocupação de deformá-lo.


A madeira “Angelim” proporcionou-me uma experiência gratificante em todos os sentidos, mas, a maior descoberta foi ter realizado todo o trabalho com traços, não deixando que propusesse qualquer parte esfumada devido as suas características de sulcos e veios descontínuos e mais profundos que outras madeiras como a peróba.


O papel permitiu-me realizar pinturas em diferentes dimensões, texturas e qualidade estudantil e profissional.


A tela devido às dificuldades mostrou-se um caminho diferente, alternativo com uma técnica onde foi necessária a utilização de outro material, que no caso foi o óleo de linhaça.


As cores trouxeram-me as mais variadas experiências, como por exemplo, o amarelo destacando a claridade, a utilização do vermelho, uma cor tão viva, forte e enigmática, que revelou características diferentes. A sua utilização proporcionou-me um saber que estava embutido no meu sentir, mas não conseguia ver. Ao mostrar as pinturas a meu compadre, e explicar o que elas passavam e o que eu senti, recebi de volta uma exclamação e em seguida uma pergunta: “existe alguma seqüência no uso da cor vermelha?” Foi exatamente neste momento que percebi o fato que havia escrito sobre as cores, mas, não tinha feito um fechamento sobre a relação das cores com toda a poética. O conjunto de cada trabalho é finalizado justamente pelo todo, ou seja, cada pintura só é percebida se analisada como um todo, a influência do suporte, dos traços, cores, técnica entre outras.


A poética só tomará forma ampla se observada em todo o seu contexto, na análise de todas as pinturas juntas. A cor vermelha tornou-se o ponto em comum das ações, sejam elas depredatórias ou remediadoras.


Vou exemplificar: no primeiro e segundo trabalhos não uso a cor vermelha, porém utilizo as cores de terra avermelhada; no terceiro, utilizo-a na parte da natureza, dando força, se colocando a frente como um guerreiro; no quarto trabalho, continua forte na forma de folhagem que surge para retomar seu espaço; quando surge no quinto trabalho, já aparece de forma dupla, ou seja, a natureza forte, viva que está no canto esquerdo baixo do observador e a natureza sendo agredida por forças humanas situada no lado direito do espectador, sendo estes dois pontos que equilibram a pintura; no sexto aparece um leve traço de vermelho rosado para destacar a cor laranja no rosto; no sétimo não aparece; forte no oitavo trabalho mostra a troca de energia positiva da folha com a força negativa representada em vermelho no ser humano ao seu lado; no de número nove o vermelho surge como uma queimada durante o sono do jovem; na figura dez nos indica as rugas, o tempo que passou e muitas vezes impecável, forte, porém, trazendo sabedoria; na décima segunda pintura, trago a cor vermelha acompanhada do olhar triste, o vermelho se torna triste, deixo vagar todos os sentidos, sem definir o porquê, a folha e o olhar se tornam um só.


Durante todo esse percurso aprendi muitas “coisas”, mas tenho a certeza de que há muito que aprender. Algumas eu coloco neste trabalho, outras carrego comigo em minha memória, em anotações, mas, principalmente no meu sentir, que bate, pulsa forte.


Este Trabalho de Conclusão de Curso teria seu término no Olhar Treze, mas, como devemos ser sempre participativos em nossos questionamentos, tornou-se um ponto importante mostrar uma possível solução para as questões levantadas. No nosso caso os olhares fitam, descansam, reagem, espreitam, desconfiam, se preocupam, advertem e se entristecem. Porém, com a tristeza buscamos uma forma de solucionar as questões que é através da fusão dos traços, ou seja, os mesmos traços que delineiam o ser humano dão formas variadas a natureza, em um único movimento. Este tratamento, esta visão, está sendo colocado em poucos trabalhos, o desenvolvimento terá sua continuidade, e assim, os trabalhos continuarão a serem realizados. Termino aqui meu Trabalho de Conclusão de Curso, mas, meu trabalho, minhas pinturas, está apenas começando.

Nenhum comentário:

Postar um comentário